Casa 5 - Guaco

Naquela tarde de domingo (06.06.24), saí para um passeio sem destino certo, com a intenção de explorar a cidade e, quem sabe, fazer contato com algum morador. Após algum tempo circulando, encontrei o Sr. Dirceu varrendo a calçada. Me aproximei, e começamos a conversar sobre plantas, em especial sobre o Manacá florido que enfeitava o quintal. Embora seja a mãe do Sr. Dirceu quem mora na casa, hoje é ele quem cuida do jardim. A casa está localizada na rua Mangueiras, bairro cerâmica.

O piso de caquinhos teve sua origem em São Caetano do Sul, onde era produzido pela antiga Fábrica de Cerâmicas Matarazzo. Um ex-funcionário da fábrica, ao decidir reaproveitar os pisos quebrados para revestir o quintal de sua casa, acabou iniciando uma tendência. A ideia rapidamente se popularizou e se espalhou por São Paulo.

Guaco

Esse jardim tem um propósito especial: muitas das plantas foram escolhidas por suas propriedades medicinais. Um exemplo é o Guaco, que o Sr. Dirceu utiliza tanto para fazer chás quanto para misturar ao leite. Achei tão curiosa essa combinação de Guaco com leite que decidi testar em casa, adaptando a receita com leite vegetal, e funcionou muito bem.

Originário da América do Sul, o guaco (também conhecido como erva de cobra e cipó-caatiga) tem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antioxidantes. Trata-se de uma erva conhecida por auxiliar no tratamento de gripes e problemas respiratórios, como dor de garganta, asma, tosse e bronquite.

Folhas de Guaco

A relação do Sr. Dirceu com o jardim é cheia de afeto. Ele conhece profundamente e valoriza cada planta medicinal que ali cresce. Ele compartilhou que, no passado, era uma necessidade para os primeiros moradores da região ter um jardim assim, pois a área era distante dos comércios e farmácias.

Arruda

Com a crescente verticalização das cidades, está cada vez mais difícil encontrar jardins como este. A homogeneização do conceito de jardim reduz esses espaços a algo puramente decorativo e acessório nas novas configurações das moradias, sejam elas casas ou edifícios. As espécies plantadas são poucas, muitas vezes exóticas, e a diversidade vegetal fica comprometida.

Guaco (esquerda), Açafrão da Terra (lado direito) e Capim Cidreira ao fundo

Infelizmente, perdemos essa conexão com as plantas e o poder que elas têm de transformar ambientes e vidas. Vida que segue, mas com menos verde ao nosso redor.