Casa 6 - Pariparoba

Visitei a casa da Dona Lúcia no dia 05/08/24. A princípio, ela me recebeu com um pouco de desconfiança. Como já havia tentado visitar sua casa em três ocasiões sem sucesso em falar diretamente com ela, acredito que minha insistência foi o que me permitiu finalmente conseguir.

Mangueira

Após entender melhor o propósito do meu projeto, Dona Lúcia abriu o portão do seu quintal e me mostrou tudo o que tinha ali. Convencer as pessoas a abrirem suas casas para um estranho ver as plantas do jardim foi um dos maiores desafios deste projeto.

Cana-da-Índia (Canna Indica L.)

Logo na entrada do enorme quintal, ela me apresentou a Cana-da-Índia (Canna Indica L.). Muitos conhecem essa planta apenas como ornamental, mas ela também possui propriedades medicinais. Atua como diurético, ajudando a eliminar líquidos do organismo e protegendo os rins. Além disso, é antioxidante, reforça as defesas do organismo, combate os radicais livres, e contribui para a restauração da flora intestinal, ajudando a combater a diarreia.

O quintal também abriga uma cerejeira selvagem, uma árvore imponente que, além de sua beleza, também possui propriedades medicinais. As folhas e frutos da cerejeira podem ser usados no tratamento de infecções urinárias, artrite reumatoide, gota, e ajudam a reduzir inchaços.

Cereja Selvagem

O momento mais interessante da visita foi descobrir um pé de Pariparoba (Piper umbellatum L.). Encontrei essa pequena muda no jardim dos fundos do quintal. É provável que a planta tenha sido trazida pelos pássaros, já que a própria Dona Lúcia desconhecia sua presença ali.

Pariparoba (Piper umbellatum L.)

A Pariparoba é a planta que representa o logo do projeto, uma planta que consumo e aprecio bastante, além de ter formato de coração. Utilizei bastante a tintura de Pariparoba nas primeiras experiências com pinturas à base de extratos vegetais. Curiosamente, apesar das folhas serem verdes, a tintura aplicada ao papel resulta em um tom marrom.

Também conhecida como caapeba, aguaxina, caena ou catajé, a Pariparoba é uma planta medicinal brasileira utilizada para tratar uma ampla variedade de doenças e sintomas, como problemas hepáticos, azia, má digestão, dores estomacais, gripes e resfriados, úlceras internas, mau hálito, picadas de cobra, herpes labial e genital, e gengivites.

Beldroegão ou Major-gomes (Talinum paniculatum)

A imagem acima é de uma planta herbácea nativa da América Tropical, que, além de ser medicinal e ornamental, está entre as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) mais populares entre os adeptos de uma alimentação natural, nutritiva e alternativa às monoculturas tradicionais. Infelizmente, ainda é desconhecida por muitos, sendo muitas vezes vista como um simples "mato".

Na medicina caseira, é utilizada como emenagoga, diurética, cicatrizante, emoliente, vulnerária e anti-infecciosa. Além disso, é consumida em saladas e refogados. Em termos nutricionais, diversos artigos científicos destacam seus excelentes níveis de proteína (21,85%), além de fósforo, magnésio, cálcio, potássio, sódio, zinco, ferro, manganês e vitamina C.

Ainda na medicina caseira, suas folhas são empregadas no tratamento de afecções da pele e como anti-inflamatório. Já suas raízes são usadas como diurético e estimulante físico e mental.

Urtiga (Laportea aestuans)

A Urtiga, também conhecida como urtiga-vermelha, é utilizada para tratar artrite, reumatismo, diabetes, rinite, acne, dermatite, dores musculares, inflamação nas gengivas, anemia, infecções urinárias e pedras nos rins.

A urtiga também pode ser empregada para estancar sangramentos, aliviar os sintomas da hiperplasia prostática benigna, fortalecer o cabelo, cicatrizar feridas e controlar hemorragias nasais.

Em algumas regiões da África, assim como no Brasil, ela está entre as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), é consumida como hortaliça em sopas e refogados, podendo também ser empanada ou utilizada na forma de farinha.