top of page

Primeiras experiências II - 28.10.23

  • Foto do escritor: Davilym Dourado
    Davilym Dourado
  • 17 de jan. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de jun. de 2024

Depois de feito os primeiros testes, no dia seguinte, na tarde de 28 de novembro de 2023, saí de casa munido de uma tesoura e uma sacola plástica, essas de supermercado mesmo.


Caminhei até o terreno onde funcionava a antiga fábrica de cerâmicas Matarazzo. O local fica próximo de onde moro atualmente, na cidade de São Caetano do Sul.  Lá eram fabricados aqueles caquinhos vermelhos usados nos revestimentos de pisos de casa antigas. Quem cresceu em São Paulo certamente tem uma memória afetiva sobre esse tipo de piso.



ree

 Vista do terreno onde funcionava a antiga fábrica de cerâmicas Matarazzo


Essa área é imensa e, à primeira vista, tudo parecia mato, ainda mais quando não sabemos o que estamos buscando exatamente. Então passei a olhar o que estava próximo e, aos poucos, meus olhos começaram a enxergar uma variedade de plantas e diversos tons de verde.


Havia muito capim, que é a planta invasora mais comum, uma variedade de pequenas flores, PANCs (plantas comestíveis não convencionais), que são plantas aparentemente não comestíveis, mas que escondem um universo de possibilidades em termos de nutrição e nascem nos lugares mais inesperados e inóspitos.

 

Emanuelle Coccia, no seu livro "A vida das Plantas, uma metafísica da mistura", afirma que as plantas são fazedoras de mundos e, antes e acima de tudo, a planta é folha. "As folhas não são simplesmente a parte principal da planta. As folhas são a planta". Me parece perfeita essa definição, simplesmente porque, quase sempre, reconhecemos uma planta pelas folhas.


Com um pouco de disposição e curiosidade não é difícil se encantar com as folhas, mesmo no meio desse mato que aparece nas imagens acima. Após um tempo de observação, a beleza se revela.




ree

Amostras coletadas do terreno da antiga Fábrica de Cerâmicas Matarazzo


E, claro, depois de um tempo observando, pude apreciar uma grande variedade de espécies ainda desconhecidas para mim. Entendi que certas plantas ficariam esteticamente interessantes numa impressão, então coletei algumas amostras e voltei para casa. O resultado foi esse:




ree

Ipomeia Cairica, impressão com tinta acrilíca sobre papel


A monotipia envolve muitas questões técnicas e, para um iniciante como eu, o processo é sempre experimental, é tentativa e erro o tempo todo. Ter sensibilidade nas mãos é algo importante, principalmente por conta da pressão que se faz na hora da impressão.

 

Nestes exemplos eu entintei a planta e coloquei em contato com uma folha de papel. Criei uma pressão para transferir a tinta da planta para a folha.



ree

Algodão de Preá ou Falsa serralha (emilia fosbergii )

impressão com tinta acrilíca sobre papel


De certa forma eu fiquei satisfeito com os resultados iniciais. Não era exatamente o que eu gostaria de expressar naquele momento, senti que faltava algo, mas não sabia o que exatamente. Entendo que trabalhar de forma experimental é estar aberto para resultados inesperados.


O inesperado no processo de criação experimental serve para abrir novas portas e possibilidades que não haviam sido pensadas anteriormente. O importante é estar aberto e perceber quais caminhos seguir a partir dali.



ree

planta não identificada


A Ipomeia Cairica foi o grande achado desse dia. É uma trepadeira nativa amplamente usada na medicina popular brasileira, e suas flores são delicadas e chamam muito a atenção. Essa planta se espalhou pelo terreno e cobriu muros e grades ao redor desta área. Descobri que o floral dessa planta pode tratar alguns vícios, assim como transtornos de comportamento.


Coincidência ou não, essa amostra foi coletada num terreno baldio nos limites da cidade. Neste local algumas pessoas costumam buscar refúgio, seja para consumir drogas ou para passar a noite. Enfim, imaginar que essa planta, uma erva daninha, que nasce por aí, possa ser o antídoto para os males da dependência química é simplesmente sensacional. Salve a mãe natureza!


ree

Ipomeia Cairica


Eu vou deixar aqui a informação do fabricante do óleo essencial para quem quiser pesquisar, lembrando que o projeto não pretende receitar e nem indicar tratamentos de saúde à base de plantas medicinais. Consulte o seu médico!


Ação do floral segundo o fabricante:

 

"Para pessoas que sentem necessidade constante de êxtase, que precisam de estímulo contínuo do novo, do inusitado e do desconhecido. Para as pessoas que buscam sempre padrões alternativos de conduta e têm como meta quase única a transcendência da realidade vulgar. 


São amantes da liberdade individual, se aborrecem com as responsabilidades e têm estilos de vida desregrados ou abusivos. Dão muito mais valor à liberdade que à segurança, e ao tentarem se livrar dos padrões tradicionais de conduta e pensamento acabam inconscientemente construindo novos vínculos e dependências.


Na ânsia de transcender, podem frequentemente se tornar viciados em álcool ou drogas em geral, ou mesmo se entregar ao lema do prazer total e irrestrito, ignorando todas as suas possíveis consequências.


Esta flor favorece a desintoxicação mental e emocional, livrando a alma de todos os escapismos que impedem o encontro com sua verdadeira essência interior."


Referências:






 
 
 

Comentários


Rodapé com os logos dos patrocinadores deste projeto: Cultura de São Caetano, Prefeitura de São Caetano, Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura
bottom of page